Brasil assume pela 1ª vez Fundo Indígena Latino-Americano; maranhense Sonia Guajajara é eleita presidente

Pela primeira vez, desde sua criação, o Brasil assume a presidência do FILAC, em 32 anos de existência do fundo. A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara foi eleita presidenta representando o governo do Brasil. O Fundo para o Desenvolvimento dos Povos Indígenas da América Latina e do Caribe (FILAC) abriu sua XVII Assembleia Geral Ordinária, no último 27 e encerrou nesta quarta (29), na cidade de Caracas, Venezuela.

Com o tema “Rumo a um novo diálogo intercultural para a vida a partir da sabedoria dos povos indígenas”, delegações indígenas e governamentais de Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela participaram das reuniões preparatórias que nortearam as deliberações da Assembleia Geral.

No dia 27 houve consultas paralelas entre os Povos Indígenas e o Governo com estabelecimentos de acordos e recomendações relevantes para o biênio 2024-2026, além de apresentar as diretrizes de planejamento do FILAC até o ano de 2035. É o FILAC que define estratégias para o Plano de Ação Ibero-Americano para a Implementação dos Direitos dos Povos Indígenas por meio do fortalecimento da sua economia como alternativa para garantir o futuro com sustentabilidade e preservação do meio ambiente.

As contribuições dos povos indígenas para a Cúpula do Futuro, a Agenda 2030 e a revitalização e preservação das línguas indígenas, no âmbito da Década Cultura foram reconhecidas como essenciais.

São 476 milhões indígenas no mundo espalhados por 90 países. Essa quantidade é quase o dobro da população do Brasil, três vezes a população da Rússia e cinco vezes a população da Alemanha. São comunidades que possuem terras, territórios e recursos tradicionais que contêm 80% da diversidade biológica mundial. Na América Latina e no Caribe, 58,2 milhões de indígenas ocupam 20% das terras mais bem preservadas.

São regiões com uma rica biodiversidade com práticas tradicionais, conhecimentos e saberes que proporcionam uma alta resiliência diante de crises climáticas, alimentares e até econômicas. “Nesta crise global do clima e que afeta todo o planeta, milhares de povos indígenas em todo o mundo enfrentam com coragem e sabedoria milenar porque não destroem o meio ambiente”, disse a ministra. Ela citou que na tragédia no sul do seu país, ressalvando que apesar de muita dor e perda, “não houve uma ocorrência de indígena morto e catástrofes mais drásticas nas aldeias porque elas acabam sendo barreiras naturais para as enchentes por ter o território preservado”, comentou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *